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03/07/2019

Dias escuros... Luto

Alguns meses atrás escrevi aqui sobre meus sentimentos, aqueles que eu não contava e ninguém sabia que eu tinha, quando eu comecei a melhorar a vida me deu uma banda que está sendo muito difícil de me levantar.

Dia 14/03 acordei com o Eduardo mexendo no telefone, era dia de semana, ele deveria estar se arrumando para ir trabalhar, mas estava deitado com as costas meia inclinada e mexendo no celular, olhei pra ele perguntando que horas eram e se ele tinha perdido o sono, sem muita cerimônia ele já me respondeu dizendo que meu irmão havia morrido durante a madrugada e ele estava a noite toda me olhando dormir pra me contar quando eu acordasse, como moramos (1:30/2h) de distancia dos meus pais ele teve medo de me acordar durante a madrugada e eu querer sair imediatamente (o que de fato aconteceria).

De primeira eu não acreditei não, pensei que ainda tivesse dormindo, coloquei a mão na cabeça, xinguei, fui do quarto pra sala e me sentei, voltei pro quarto querendo saber o que tinha acontecido minha ficha já estava caindo e ele me contou que tinha sido um tiro. Chorei, como eu chorei, mas esse choro não foi um terço do que eu ainda choraria.

Arrumei as coisas correndo, colocamos as crianças no carro e fomos, nossa primeira viagem silenciosa da vida. Antes disso tive que contar a Nicolly, era o tio mais agarrado com ela, quem ela sempre foi muito apaixonada desde bebê. Eu quiz contar a ela do meu jeito, melhor do que ela vê todos chorarem e ficar com a cabeça mais confusa.. Como havíamos perdido meu avô no final de 2017 usei o mesmo discurso "filha, o titio Daniel foi pro céu, não fica triste, ele está bem com papai do céu"
Que coisa difícil dizer isso pra uma criança de 5 anos gente!

Pois bem, chegamos na minha mãe a primeira pessoa que eu quiz ver era meu pai, ah... (Choro)

Meu paizinho, preferia não existir pra não te ver desse jeito. Como chorou no meu colo, sem conseguir falar uma palavra, e eu com vontade de gritar pra Deus como ele podia estar fazendo isso com o melhor pai desse mundo.

Fui até minha mãe, medicada, falava ao telefone com a atendente da funerária... Oh minha mãe, mesmo eu sendo mãe também, não consigo me por no teu lugar.

No dia seguinte, 15/03 acordamos cedo e fomos pra capela do cemitério, como eu queria descer do carro e não ir, que medo do me eu iria ver, mas eu tinha que ir, meus pais precisavam de mim lá.

Desse momento em diante não sei quantas vezes eu achei que fosse morrer com aquela dor, maldita, esmagadora, destruidora dor. Meu irmão mais novo, 17 aninhos, deitado coberto de flores brancas, sem seus óculos de grau, com os olhos fechados, sem o seu brilho, sem o seu sorriso, sem a sua voz. Meu pai deitava em cima dele, minha mãe não sabia da cabeça chorando e fazendo carinho, a todo momento cantando louvores que o meu irmão gostava, aquela seria a última vez que o veríamos, a última vez das minhas palavras que não saíram, a última vez do meu carinho que você não sentiria... Toquei seus cabelos, seu rosto, seu nariz grande, seus cilios, parecia vidro, é como se você não fosse mas você. Mesmo sendo evangélica, sabendo que a alma havia partido como me despedir da sua imagem? Do seu corpo? De você?

Vó não conseguiu ficar até o fim, foi levada pro hospital na hora de fechar o seu caixão. Pai, que muito pensei que não fosse resistir segurou um dos lados e seguimos aquele caminho horroroso rodeado de flores até onde te interraria, tinha muita gente, todos choravam muito, você foi muito querido Dandam.

Voltamos pra casa te deixando lá, com aquela coroa gigante e horrorosa de flores que era só o que ainda podíamos fazer por você.

Eu prefiro não conversar sobre você com as pessoas, "Deus sabe o que faz" nessa situação dói ainda mais, tipo... Deus protege tanto todos nós, e quando mas precisamos ele não protegeu você, que fazia parte da gente. Tenho pedido perdão a Deus todos os dias, pedido muito pra que ele tenha misericórdia dos meus pensamentos, mas eu não consigo acreditar que ele tenha permitido a sua saída das nossas vidas dessa maneira, com um tiro no peito, largado no chão, sem socorro, sem uma oportunidade, você era bom, seu coração era bom e você merecia mais que todas aquelas flores de merda .

Seguimos levando a vida, sem a tua alegria, matando a saudade de você com nossas lembranças, tem dias que ainda consigo fugir dos pensamentos, mas tem dias que sentar no sofá é a única coisa que eu faço.

Te amo Dani, vão completar 4 meses sem você, mas parece ontem que eu te dei a última bronca demonstrando o quanto eu te amava e te vi sorrir pela última vez. Saudade! Saudade com muita, muita dor.


Um comentário:

  1. Nossa, que triste minha querida, vou orar por você, Deus console o seu coração.

    Beijos

    Quézia Silva
    http://kemuelpresentededeus.blogspot.com/

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